sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

verões... verão...

um instante, um suspiro... e todo ar que estava estacionado dentro de mim vai embora. é expulso, se desmancha no espaço. se viver é respirar e cada respiração são segundos a menos de vida, prefiro agora respirar lentamente. e lentamente me encontrar com o seu ritmo, sua cadência. é só uma questão de respiração.

às vezes preciso tomar fôlego sozinho. a respiração aumenta o ritmo e acabo não achando minha sunga de natação. mas no aquário de peixes alemães, flutuando em grupos, eu encontrava o meu caminho. e não era uma linha reta, não era uma raia azul que me guiava. desviava dos demais peixes, fazia curvas, prestava atenção aos movimentos ao redor. não parava nunca. nadar é controlar a respiração e eu voltei a mim.

encontrei o meu verão nas águas. de repente era calor, de repente meu corpo entendia que estava vivo e se mexia repetidamente para chegar do outro lado da piscina. comecei a nadar "costas". sou campeão nesse estilo, lembra que te contei na companhia de um café gigante? aquela tarde foi tão boa com você... de costas, a gente se arrisca mais, é por isso que ninguém gosta desse estilo, você me disse. e eu lembrei que eu gosto. a partir desse momento, os peixes alemães começaram a se desviar de mim. e minha respiração já estava salva, já estava entregue.

se entregar a quatro mãos que te tocam seria algo tão difícil para mim antes de tudo. lentamente me deixei levar ao som da mesma banda que eu ouço agora. disco que dividimos. transe profundo. depois daquilo, consegui radiar todo calor do meu corpo em você, em vocês...

e hoje eu acordei e disse a você: "estou com um frio aqui dentro de mim". no momento, pensei ser algo ruim. mas depois de um tempo (ah, e como o tempo calado vem me ensinando coisas), eu senti um prazer, senti que meu calor foi amor. e se doou.

o dia de hoje, mergulhado na praia, no sol quente, nos encontros de nossos pensamentos e nosso café e nossos abraços, e a música no seu fone que eu podia escutar com o meu ouvido e o beijo carinhoso já me encheram de calor de novo, um verão interno.

a neve cai lá fora e eu sinto em mim o poder de fazê-la derreter...

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